Luso

Luso, Terra Milenar

Da origem, pouco adiantam os documentos. Se nas asas das suposições, podemos remontá-la a tempos imemoriais (de Louredo os nossos mais velhos ancestrais – as trilobites…).
Luso (no original em latim “Lusum”, que é uma declinação do verbo “Ludos” e que significa local de actividades lúdicas ou, local de diversão) já existia antes da reconquista cristã da Cidade de Coimbra (1064 – 79 anos antes da fundação de Portugal), sendo nessa altura, suficientemente importante para ser ponto de referência para ajudar a localizar um dos mais importantes Conventos de Portugal: o Convento da Vacariça (Frei António da Purificação localiza o Mosteiro da Vacariça como estando meia légua a poente de Luso – “in territorio Conimbricensi unum ad Lurbanum… et aliud ad Lusum…” – segundo documento desse Mosteiro que inventariou vilas e lugares. Entre aquelas a ‘villa de Luso’, doada pelo abade Noguram). Se o Luso surge como ponto de referência, é razoável concluir da sua relativa importância. Infelizmente, a localização exata desse convento perdeu-se em finais da Idade Média e permanece hoje em dia, como um mistério arqueológico.
No séc. XVI o Luso foi doado ao Colégio Conventual da Graça de Coimbra, pelo Bispo D. João Soares e com beneplácito do Papa Paulo IV (22 de Abril de 1557).
Chega o ano de 1834 e Luso passa a ser Freguesia independente (por desmembramento da Freguesia da Vacariça).

FREGUESIA

Luso, Terra de Água

Alimentado por toda a serra, é nessa encosta da Serra do Buçaco que se encontra o maior complexo hidrológico do país, com destaque para essa Fonte de S. João, e para o “Banho de Luso” (descrito pela primeira vez em 1976 e que é a origem da marca “Água do Luso”). Inúmeras fontes, diques, minas, canais de rega e até de uma misteriosa galeria subterrânea chamada a “ribeira velha, propiciaram as condições ideais para a conservação de um enorme complexo medieval de moinhos movidos a água, muitos dos quais ainda hoje se podem observar.

Luso, Terra de Burriqueiros

Os moinhos e moleiros de Luso foram essenciais para a prosperidade dos vizinhos vales da Vacariça, Várzeas e Monsarros, transformando os cereais lá produzidos em preciosa farinha para que se pudesse cozer o pão. O burro, era o principal meio de transporte desses moleiros, trazendo o grão, e levando a farinha depois de moída de volta à origem. O facto de os moleiros de Luso possuírem burros e de se fazerem sempre acompanhar por eles, rendeu-lhes a alcunha de “burriqueiros” junto das gentes de terras vizinhas, alcunha essa que foi definitivamente adotada e ainda hoje é utilizada pelos habitantes de Luso com grande orgulho e humor.

Luso, Terra de Turismo

Em meados do Século XIX, a industrialização tornou obsoletos os moinhos, mas, com o Caminho-de-ferro, tornou igualmente possível o nascimento da indústria turística, o que levou a adaptação do burro, para que todos os turistas, mesmo os de mobilidade mais limitada, pudessem disfrutar plenamente da majestosa Mata do Bussaco. Com o turismo, surgiram novas profissões sempre tirando partido da abundância local da água, como as lavadeiras que lavavam nela as roupas e atoalhados dos hotéis e como as aguadeiras que, com cântaros e bilhas de barro, abasteciam de água potável todos os lares e hotéis desta vila.

Completaram-se em 2014 950 anos de história documentada desse lugar de Luso: quase um milénio de história ligada à água! É curioso também que quase 1000 anos depois ainda consigamos associar o nome Luso (“Lusum”) a “Ludos”, local de diversão e actividades lúdicas.

Pin It on Pinterest

Share This